Previsões

Previsões

Eugênia Câmara

Hoje li um cartaz no qual estava escrito: Joga-se cartas ciganas, de tarot e búzios.

Em seguida, veio a minha mente as entrevistas que são feitas a cada final de ano pelos interlocutores de todas as mídias aos considerados “videntes”. Todos praticamente dizem a mesma coisa:

Uma pessoa ilustre irá falecer. É evidente que alguém famoso irá falecer. É a lei da vida, seja conhecido ou anônimo. Já não vale essa máxima.

Teremos crise na economia. Outra “previsão” calcada na nossa economia brasileira que sempre tem crise em algum setor e, obviamente, respinga no nosso sistema financeiro.

Em determinadas regiões terão enchentes e em outras haverá seca com grande prejuízo para economia do Brasil – e por aí vai. Quanto a essa antevisão, não existe nada mais óbvio do que isso. Quem é agricultor vive essa situação o ano todo. Se fizer um retrato dos últimos dez anos, se verá que as enchentes e a falta de água são constantes no meio rural.

Alguém se lembra de alguma vidente dizer em público sobre a pandemia?

Com relação às adivinhas das cartas e búzios, já existe um padrão de perguntas quando a incauta senta à sua frente:

És casada, minha filha? Caso afirmativo, vem a recomendação de ficar de olho no vivente porque tem outra mulher interessada nele e que precisa fazer um trabalho para que ele tenha olhos só para ela.

Tens filho? Se sim, em seguida vem a pergunta da idade deles. E, conforme a resposta, dirá prontamente para prestar atenção nele(s) pois podem estar indo para o considerado mau caminho. No caso de não ter filho, existe a previsão da cegonha já estar quase batendo na porta. E fecha com a chave de ouro com o seguinte questionamento:

Trabalhas? Caso positivo, terás promoção e, caso negativo, receberás uma proposta irrecusável de trabalho, com direito a chave de ouro para o paraíso.

Pois bem, depois de toda essa descrença nas previsões, chego à conclusão: quem faz o meu destino sou eu e, depois dessa pandemia que nos trouxe grande lição de vida, me acordo todos os dias acrescentando um item na minha lista de desejos:

Sempre dizer que te amo a cada despedida dos meus filhos – nunca sabemos se não será a última vez.

Escrever muito – dei vazão a esse dom e agora não quero parar.

Ter mais livros publicados nos quais eu possa estar fazendo parte – contribuindo com minhas criações literárias.

Saúde – para que eu possa ser independente.

Paz – para que eu possa discernir as diversas situações com clareza.

E, por fim, amar muito – porque nunca sabemos quando será o último beijo.

@mecalves

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