Paciência

Paciência

Eugênia Câmara

Paciência, algo escasso hoje em dia. Ninguém mais tem paciência com nada nem com ninguém. Tudo é para, no mínimo, agora. O ideal é para ontem.

Ah, paciência!

Artigo de luxo que não se vende em supermercado, talvez em farmácia através de suas pílulas mágicas revestidas de ouro, as quais transmitem a paz da inconsciência em cima de um travesseiro.

Ah, paciência!

No templo Budista ela está em abundância. Pode ser doada, leiloada ou emprestada. Nunca vendida. Não se vende paciência, não tem preço. Não nesse local.

Ah, paciência!

No cemitério ela é silêncio. Está em paz e em harmonia. Os mortos as têm pela eternidade. Ainda bem.

Ah, paciência!

Nos hospitais, a vida e a morte brigaram por ela. Luta ferrenha e ninguém ganhou. Ela fugiu.

Ah, paciência!

Na gestação ela ficou. Nem mais, nem menos. Apenas o tempo suficiente para poder existir. Quando ela acabou, ele nasceu.

Ah, paciência!

Na velhice, é onde existe. Não tem quem não a conheça e nem deixe de com ela ter, pelo menos, um dedo de prosa. Ela tem paciência, afinal são amigos. Amizade nascida nesse período. Ainda bem.

Ah, paciência, tenha paciência e me deixe trabalhar. Afinal, tenho que escrever sobre a dona paciência.

 

@mecalves

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