Livros voam, Ave Sangria, batalhas em asas Cartonera

Livros voam, Ave Sangria, batalhas em asas Cartonera

Geórgia Alves

 

Recentemente o Espaço da Cultura publicou ensaio sobre a história que guarda o nome do Ave Sangria, rock band surgida nos anos 70, até hoje nome emblemático do rock brasileiro com raízes pernambucanas. Hoje, primeiro dia de setembro, em Recife, na galeria da Rua da Hora, no bairro do Espinheiro – e parece que o lugar foi escolhido também pelo nome – acontece o lançamento do livro _Ave_Sangria_e_outras_batalhas_ biografia escrita por Marco Polo, compositor e dos vocalistas do grupo, ao lado de Almir de Oliveira, que foi abraçada pelo coletivo artístico-editorial Mariposa Cartonera, que já esteve entre finalistas do Prêmio Oceanos, pelos idos de 2016, com o livro _Atlântico_ de Ronaldo Correia de Brito, e de seu modo artesanal lançou também nome como Cristiano Aguiar, Michelyne Verunsk, José Luiz Passos, Ricardo Lísias e Sidney Rocha, entre outros.

Espaço da Cultura conversou com Wellington de Melo, ele mesmo também escritor – autor de O peso do medo (Paés, 2010), Estrangeiro no Labirinto (Confraria do vento, 2013), O caçador de Mariposas (Mariposa Cartonera, 2013), Le chasseur de pappillons (Clemont-Ferrand: Cossete Cartonera, 2016) e Felicidade (Patuá, 2017) – além de editor de projetos muito bem sucedidos, a exemplo de _Solo_para_Vialejo_ de Cida Pedrosa, pela Companhia Editora de Pernambuco, que arrebatou prêmio de melhor livro do ano em 2020 e trouxe para Pernambuco o Jabuti. Como se não bastasse também é curador e editor da obra de José Flávio Cordeiro, o nosso Miró, que atravessou a linha do infinito. Wellington está tanto mais à frente do livro que é lançado hoje.

A entrevista:

Espaço da Cultura: Bom dia, Wellington, gostaria de fazer algumas perguntas sobre a Mariposa Cartonera e o lançamento deste dia primeiro. Como a Editora se organizou quanto à obra do poeta do corpo e da cidade, após o encantamento de Miró?

Wellington de Melo: Publicamos dois livros de Miró, aDeus (2015) e O penúltimo olhar sobre as coisas (2016). São livros dos quais nos orgulhamos muito e que sempre são pedidos pelos leitores. Ainda no ano passado, conversamos com Miró para que a obra dele pudesse ganhar uma edição reunida e a Cepe adquiriu dele os direitos de edição de seus livros e nós cedemos os nossos dois… Assim a obra dele poderá chegar a mais pessoas, numa edição só.

Espaço da Cultura: Das obras e participação em feiras, como está a programação deste finalzinho de ano?

Wellington de Melo: A gente não está participando tanto de feiras, estamos preferindo parcerias com livreiros para fazer os livros chegarem.

Espaço da Cultura: A Mariposa Cartonera promove quinta – feira, dia primeiro, o lançamento da biografia ¬_Ave_Sangria_e_outras_batalhas_, escrita pelo compositor e também vocalista do grupo, Marco Polo, desde quando estão alinhando o projeto?

Wellington de Melo: O livro ia ser lançado em abril de 2020, mas já sabemos o que aconteceu. Polo não queria fazer lançamento online e nós tampouco. Esperamos e o livro ganhou um post scriptum, com o que aconteceu. Inclusive, o falecimento do Paulo Rafael, que infelizmente teve lugar nesse intervalo.

Como editor, gosto de discutir o texto com o autor ou autora. O resultado desta edição me satisfez porque dá conta tanto da formação do Ave Sangria como do artista Marco Polo, mas também nos permite um vislumbre da vida cultural em meio à ditadura.

Espaço da Cultura: As imagens de capa são todas produções originais e feitas artesanalmente, como vocês criaram o repertório de capas para “Ave Sangria “.

Wellington de Melo: As capas têm serigrafia de Paulo do Amparo, com quem já tínhamos trabalhado em 3 livros. Eu faço uma base a guache e normalmente aplicações com fosca no final. Cada capa é única, no final, como é a proposta cartonera.

Espaço da Cultura: Algum outro projeto exigiu pensar Literatura e outra Arte ao mesmo tempo, como nesse caso?

Wellington de Melo: Sempre. Nossos livros têm capas únicas, que pinto à mão ou usando técnicas como stencil, colagem etc. Fazer esse diálogo com as artes gráficas e visuais faz parte da nossa proposta.

Espaço da Cultura: Quais serão os preços e quem quiser encomendar um volume maior de livros, como deve fazer?

Wellington de Melo: Não trabalhamos com uma proposta industrial. O mesmo tempo de fazer um livro só é o de fazer um livro entre mil. Valorizamos o trabalho do artesão, então sempre que envolvemos pessoas na coleta, corte ou costura (a pintura sou sempre eu) pagamos por cada processo de forma individual. Cada livro é o único, o preço é o mesmo. Mas veja: nossos livros artesanais têm preços que não são compatíveis com uma peça única. E não são caros porque nos interessa que os livros circulem, não que virem itens de colecionador. O lema da Mariposa Cartonera é “livros voam”. Não queremos o fetiche do livro, mas sabemos como nosso trabalho valoriza o artefato cultural em si.

(Continua)

@georgia.alves1

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