E se…

E se

Eugênia Câmara

Aos 17 anos tive que decidir que faculdade faria. Depois de pensar um tempo e eliminar a área da saúde (detesto ver sangue) e das ciências exatas (me atrapalho com os cálculos), restou-me apenas as ciências humanas. Apenas, modo de dizer…

Como sempre gostei de escrever, decidi que gostaria de ser uma jornalista. Isso, faria a faculdade de jornalismo. Viajaria o mundo enviando notícias dos mais diversos tipos. Acompanharia os trâmites políticos, cobriria guerras, noticiaria catástrofes, aventuraria em esportes radicais para poder sentir a adrenalina dos atletas e veria o mundo através das lentes dos meus óculos.

Mas o mais importante de tudo seria eu colocar no papel o que tenho de mais bonito: a inteligência e capacidade em retratar meus pensamentos.

Infelizmente, por questões familiares, acabei cursando direito. Advoguei. Me aposentei. Mas nunca, em momento algum, desde aquela época, parei de me questionar.

Como seria minha vida se tivesse tido coragem para seguir meu desejo? Estaria eu morando no Brasil agora? Por onde teria andado? Quantas e quais pessoas teria entrevistado? Teria eu me casado? Tido filhos? Por quais lugares teria morado?

O poder da minha escrita teria atingido o público? Teria conseguido mudar a opinião publica sobre algum assunto polêmico?

Perguntas e mais perguntas. Infindáveis? Talvez. Respondidas? Nunca.

Felizmente a vida às vezes nos surpreende e cá estou, aos 60 anos, dando voz a escrita através das minhas crônicas. E, diferente dos filmes, a mocinha não morre no final nem vive feliz para sempre. Mas feliz o suficiente para que sua voz ultrapasse o espaço da sua mente.

@mecalves

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