Nômade, Fiel como os pássaros migratórios

Parte dois

Entrevista com Flávio Ricardo Vassoler – Palco Circuito das Ideias

Por Geórgia Alves

Muito boa tarde, bom dia e boa noite para todos (as) que vão nos ver depois dessa transmissão ao vivo pela plataforma e-Bienal de Pernambuco, da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, esta é a estreia do espaço chamado Humanidades, neste sábado, dia 04 de setembro de 2021, às três horas da tarde agora um pouquinho mais do que isso, três e quatr0 – mas sejam muito bem-vind@s, todos e todas. É uma alegria enorme estar estreando o programa ao lado do escritor Flávio Ricardo Vassoler, acho que uma epifania do tamanho de quando nasce uma girafa!

Daqui falar para todos os lugares, para Portugal, onde ele está agora, na cidade de Braga, e dizer para vocês que este programa tem uma periodicidade planejada, inicialmente, de acontecer uma vez por mês, são diálogos com autores e autoras que estão lançando os seus livros – temos uma logo para apresentar para vocês –

Primeiro, vamos ouvir o “boa tarde” do escritor Flávio Ricardo Vassoler.

Flávio Ricardo – Oi Geórgia, boa tarde para você, muito obrigado pelo convite, muito generoso, a Georgia que é uma querida amiga está fazendo os cursos que eu venho ministrando, leu e comentou esse meu novo livro “Metamorfoses”, quero dizer que estou aqui em Portugal. Olha aí, a Rosely acabou de pôr a tela, a forma como o livro está chegando para as pessoas, tem duas maneiras:

Tanto pela Amazon link da Amazon você vê na tela | https://amzn.to/3DMDjY6 quanto pelo pix com uma chave que é o e-mail da editora Nômade, fiel como os pássaros migratórios, que lancei com minha irmã, Larissa Vassoler Wosniak, um selo editorial para os meus livros, a Rosely vai pôr aí na tela para vocês – editora.nomade@gmail.com. No valor de sessenta e quatro reais, esse valor já tem o valor de envio para qualquer lugar no Brasil, o livro está chegando a todos os lugares. Cês mandam, por favor, o comprovante com o endereço de vocês para chave do pix. E vão receber o livro na casa de vocês.

É uma alegria estar aqui na plataforma da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Eu estive no Recife uma vez! Dois anos atrás. Quase dois anos, pouquinho mais que dois anos, em novembro de 2019. Adorei a cidade, sobretudo o Recife Antigo. É uma honra estar aqui. Muito obrigado, Geórgia, pelo convite.

Geórgia – A gente é que agradece! Bom, esse espaço, pelo nome, não poderia deixar escapar esta oportunidade, de trazer um escritor que está lançando um livro tão polissêmico quanto as relações da língua portuguesa, sobretudo do ponto de vista da língua portuguesa falada no Brasil.

Exatamente chamado “Metamorfoses – os anos de aprendizagem de Ricardo V e seu pai”, e que traz uma narrativa completamente orgânica, exatamente a partir do diálogo deste personagem Ricardo, na sua fase da infância, adolescência e na idade adulta – a gente vai falar nisso, daqui a pouco – então, essa polissemia.

Essa criação que traz uma atualização, que diz da nossa condição de estar falando de um lugar não-orgânico, inclusive, para as pessoas estarão nos vendo depois, pela eternidade. Mas vou antes, minha gente, dizer muito brevemente, por que convidar o escritor, além de nômade, professor, cientista social formado pela Universidade de São Paulo.

Que fez pós-doutorado pela Northwestern University de Chicago, que morou na Rússia, estudou na Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou. Tem cinco livros publicados, fez pós-doutorado em Literatura Russa, especialista em Fiódor Dostoiévski, de quem se comemora o Bicentenário neste ano, no dia 11 de novembro de 2021, aliás o dia de seu aniversário também. Metamorfoseado aqui, também no youtuber, com mais de vinte mil seguidores, cujo bordão falaremos já sobre ele. Começar, professor… – er, ato falho, é preciso um esforço, porque como professor a influência é tão forte, tão grande na gente – a verve didática, tão marcante e poderosa, acaba contaminando a gente por seu modo simples.

Como escritor, dizer que o livro “Metamorfoses” sintetiza vários discursos, não só de filósofos, poetas, personagens da História. E que a gente acaba se apropriando pelo gesto muito simples, da criança, como discurso subliminar. Como foi escrever o livro? Para iniciar nossa conversa…

Ricardo – Olha, obrigada Geórgia, pela apresentação, muito gentil sempre, muito bacana, o contato com a Geórgia sempre muito fraterno. O “Metamorfoses” ele surgiu se metamorfoseando, eu vou fazer esse trocadilho. Por que? Eu não sabia, no início, Geórgia, que eu tinha um romance de formação em diálogos envolvendo as conversas de pai e filho. Eu não sabia que eu tinha um romance.

Em algum momento ali, no segundo semestre de 2018, três anos atrás, portanto, eu comecei a escrever os diálogos da infância do Ricardinho. Saiu o primeiro… Saiu o segundo… E aí, para os espectadores e espectadoras saberem, esse livro, “os anos de aprendizagem de Ricardo V e seu pai” envolve, justamente, o Ricardinho virando adolescente, depois na idade adulta, e eles estão conversando ali. Vocês veem aqui na foto.

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Ricardo – Você vê a capa do livro, uma fotografia feita por minha irmã, Larissa Vassoler Woskiak, que é minha parceira também na Editora Nômade, uma foto linda! Como que sintetiza o espírito:

“Maturidade do adulto, recuperar a seriedade da criança ao brincar”

(Aforismo de Nietzsche).

Ricardo – Eu comecei a escrever os textos, com o prisma do eu lírico. Vamos dizer assim, eu digo eu lírico narrativo – o eu lírico é uma instância literária para a Poesia – mas como, principalmente na infância a prosa é bastante poética, eu comecei a colocar pai e filho em diálogo, mas em um sentido não só de aprendizagem do filho, mas também do pai. E em uma dimensão ali que as questões, a curiosidade, a imaginação, a na… (natureza?), aí lógico, no decorrer ali, indo para a adolescência, para a vida adulta: As relações humanas, a amizade, amor, paixão, inveja, perfídia, democracia, autoritarismo, revolução, são temas que vão sendo tratados.

Conforme, Geórgia, eu tinha os primeiros diálogos da infância, aí, tateando com o livro, eu comecei a perceber o material vivo! Eu costumo fazer uma comparação neste sentido, da feitura desse livro, com digamos, a feitura de uma escultura.

Se a gente pensar no ofício do escultor…

É claro que ele pode ter uma escultura ideal na cabeça dele, mas ele vai precisar ser muito conhecedor da resistência dos materiais – se é mármore, com que tipode pedra ele vai trabalhar – para ele saber a angulação, como bater, como é que ele vai lixar, como ele vai polir, para aproximar o material vivo, que é orgânico, que resiste às picaretadas de escritor – do escultor, no caso aqui – para que a estátua possa sair.

Esse material vivo começou a trazer para mim. Eu comecei a perceber que o pai aprendia com o filho, claro o filho aprendia com o pai, mas que o filho se colocando, ousando pensar junto com o pai, ele criava esse material vivo que chamava ao prolongamento dos diálogos, até que numa maturidade a gente já não sabe mais quem aprende com quem, porque realmente o filho se coloca, já no começo da vida adulta, interpelando o pai, no sentido não só das ideias, mas ideológico, filosófico, humano, mas no sentido do ímpeto pela vida.

O pai fica mais crepuscular, mais cético, ao fim e ao cabo, e filho está ali,querendo voar para vida, e tudo mais. Então, eu diria que o livro foi se metamorfoseando, porque primeiro ele era, uma – digamos – uma lagarta, nacrisálida, e depois, quando eu percebi que havia uma borboleta literária querendo sair da crisálida para bater voo a partir da lagarta, eu fui forjando esse romance.

Esse livro foi escrito entre os anos de 2018 e 2019, vamos dizer que no começo do ano passado, eu já o tinha pronto, mas aí veio esse horror de pandemia,obviamente terrível, mas depois veio uma coisa boa especificamente na minha vida que foi a formação do meu canal no YouTube, e aí eu esperei ter uma comunidade maior, com quem estou sempre dialogando – e a Geórgia está entre ela – aí o lançamento aconteceu há pouco mais de um mês, no dia primeiro de agosto – aliás a nossa querida Geórgia me deu muita satisfação e alegria empoder participar também.

Essa é a História, esse o panorama geral do vir a ser, do vir à tona do “Metamorfoses”. E aí, minha irmã e eu fundamos a Editora Nômade, e a minha intenção agora, no Brasil e há tratativas para publicar esse livro aqui na Europa, os direitos desse livro pertencem a mim, e a minha irmã o selo Nômade Fiel como os pássaros migratórios é um selo para publicar meus livros a partir de agora.

Geórgia – Isso. E já é seu quinto livro, vamos falar mais sobre isso agora.

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