Exercício de Escrita Automática ou Assim Como as Insistentes Ruas Mecânicas   

Exercício de Escrita Automática ou Assim Como as Insistentes Ruas Mecânicas

 

Pedro Albuquerque

Ao chão, grita cálido o grande pássaro de fogo

Para as terras onde rugem combalidas as esperanças comicamente dissimuladas

Na marca da maldade

Onde os amantes queimam à distância

E a cadela late lancinante à luz do poste envergado

 

As bocas se disfarçam

Os teóricos regozijam

A neve é aspirada

Onde o corpo se redireciona ao caminho do ódio

Agindo fungado

Na busca daquilo que sempre escapa

 

Carros batidos

Líquidos e metais ao chão

As pedras no topo do velho túnel

Aquele guarda-chuva na mesa cirúrgica

A lâmpada acende e indica uma velha toada

Excitando o pelegrino

Uma poça de movimentos estereotipados

 

A carne furada na ponta da faca

O som, o ruído

Animais do dia que cantam

Animais da noite que transam

 

Logo ali, tapado, ignorante o gigante de um olho só

E Ulysses rindo como um grego,

Ah, como ri!… um grego trágico…

Recalca na dor do longor

Os percalços da volta

 

E a tudo isso, pulsa, ao fundo, a grande vulva dos olhos d’ água,

Rainha do céu.

 

@petrussanctorum

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2 comentários sobre “Exercício de Escrita Automática ou Assim Como as Insistentes Ruas Mecânicas  

  1. Uma pessoa com TDAH, como eu, entenderá muito bem sua poesia como seu dia-a-dia. Seria poético se não fosse trágico. Adorei seu texto, é o “normal” para 8% da população mundial.

    • Obrigado pelo comentário, Valdi! Desculpe-me pela demora para responder! Simm, eu também tenho TDAH, é como se tudo estivesse na ponta de um míssil….

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