“Dia de Muertos” no México!

“Día de Muertos” no México!


Márcia Wander

Soa estranho que o DIA DOS MORTOS seja uma “comemoração”… ao menos foi assim que me pareceu ao tomar conhecimento dessa festividade a qual tem origem nos povos maias, astecas, toltecas,…há mais de 3.000 anos.

Movida pela curiosidade e vontade de presenciar esta celebração que acontece anualmente, viajei ao México em outubro de 2017.

Surpresa, encantamento e admiração pela cultura mexicana vieram comigo na mala e me acompanham até hoje!

A cultura mexicana embeleza e celebra a morte. De muitas formas, os rituais compartilhados ajudam a processar a perda e a diminuir a angústia. Sob essa perspectiva, se ampliam as possibilidades de pensar a morte e a própria vida, e que fazem tanto sentido nesse momento de pandemia, onde as perdas têm sido absurdas e muitas vezes, sem nem ter sido possível uma despedida.

No México, é tradição reunir a família e amigos para preparar altares e oferendas em memória aos entes queridos já falecidos e comemorar a sua “visita”. Acredita-se que a alma das crianças que já partiram volte no dia 01/novembro (Dia de Todos os Santos) e a dos adultos, no dia 02/novembro (Dia de Finados). Somente nestes dias as almas têm “permissão celestial” para voltar do além e estar perto dos seus. Nessa ocasião, é costume ir aos cemitérios, visitar os túmulos, fazer vigílias, cantar, rezar, confraternizar.

Nos altares, confeccionados nesta época, em prédios públicos/privados/praças,… junto com a foto do homenageado, são colocadas velas, flores, os pratos e bebidas favoritos, incensos e presentes para agradar a alma. Estes itens “convencem” o falecido a retornar ao mundo dos vivos.

Uma decoração alegre, vibrante e colorida toma conta das casas e espaços públicos. Circulando pelas ruas, não há como resistir e não experimentar as caveiras de açúcar, os doces em forma de esqueletos, o pão dos mortos (pão doce polvilhado de açúcar e em formato de ossos), iguarias típicas desta celebração. Outros símbolos são as flores amarelo-alaranjadas, em especial a “cempasútchil”, que representam a beleza e a transitoriedade da vida, em forma de tapetes e arcos, que indicam o portal e caminho para as almas passarem e visitarem os vivos; já os balões iluminados, mostram a rota para chegar às suas antigas casas e também, orientam o caminho de retorno, após a celebração.

“ Las Catrinas”, as caveiras que estão por todos os lados, inspiradas na obra do artista mexicano José Guadalupe Posada, lembram que as diferenças sociais não significam nada diante da morte.

Desde 2003, o “Día de Muertos” é declarado pela UNESCO, Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Visitar cemitérios em pequenos vilarejos ao redor do Lago de Pátzcuaro e na Ilha de Janitzio durante a noite do dia 01 ao dia 02/nov, foi uma experiência à princípio, assustadora e incômoda, mas que se revelou inesquecível. E como nos vemos aí, o que trazemos da nossa cultura e o que podemos modificar,…

As celebrações mais populares acontecem no estado de Michoacán (no povoado de Tzintzuntzan às margens do Lago de Pátzcuaro e na Ilha de Janitzio), assim como, na Cidade do México, Morélia, Oaxaca, Aguascalientes.

Aos poucos vamos compreendendo que o esquecimento é uma forma de morte e os mexicanos ensinam que celebrar e recordar com alegria seus mortos, significa honrá-los!

Uma viagem ao México para o “Día de Muertos” é estar aberto a uma vivência profunda e instigante! Povo acolhedor e gastronomia maravilhosa!

Um convite surpreendente aos sentidos!

 

Dica de Filme para mergulhar no universo mexicano:

“VIVA – A Vida é uma Festa”

Título original: “COCO” / animação, 2017/ Pixar

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7 comentários sobre ““Dia de Muertos” no México!

  1. Gratidão por compartilhar tua viagem e, de forma simples com um toque poético, descrever tua experiência e nos proporcionar conhecer esta festa popular mexicana.

  2. Viajar junto com o texto. Muito bom. Deu muita vontade de programar a viagem, vivenciar o significado do dia dos mortos para os mexicanos. Generosa como sempre, Márcia.

  3. Tenho muita vontade de fazer esta viagem . Uma delícia este teu texto, me permitiu passear e desvendar um pouquinho desta curiosa cultura.

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