Sempre há uma primeira vez

Sempre há uma primeira vez

Eugênia Câmara

Dizem que o primeiro sutiã a gente nunca esquece. Direi que essa frase contem meia verdade, se é que isso existe. Lembro de ganhar da minha mãe meu primeiro sutiã, entretanto não lembro do modelo, nem da cor, muito menos da sua marca.

Mas tenho certeza que muitos concordarão comigo quando digo que o primeiro beijo jamais se esquece. Eu, pelo menos nunca esqueci, apesar das circunstâncias.

Não direi que idade eu tinha, mas era adolescente. Nessa época, os namoricos eram, no máximo, aquela agarrada de mão escondida, mas o suficiente para as bochechas ficarem coradas de vergonha juntamente com um pedaço de sensação de pecado.

Bem, mas vamos ao que interessa! Estava eu tendo um flerte com um garoto, que devia regular comigo de idade até que num determinado dia ele me olhou, mexeu no meu cabelo e…

Eu gelei, calei e petrifiquei como a esposa de Jó, apesar de todas as borboletas quererem voar ao mesmo tempo dentro do meu estômago. E então, ganho aquele beijo roubado. Minhas entranhas resolveram revolucionar o meu estômago e saí correndo para o banheiro. Após alguns minutos, volto para a sala, onde o garoto estava me esperando pacientemente.

Ele olha para mim seriamente e diz: “Beijo não engravida, viu?!”

Fiquei parada olhando para ele. Imediatamente ele se levantou e foi embora. Depois disso, não mais o vi. E assim foi minha primeira vez. Nunca esqueci desse beijo, não pelo que me significou, mas pelo inusitado da situação. Aposto que ninguém teve um desfecho assim depois do primeiro beijo. Ah, e só para esclarecer, nunca mais alguém me disse que beijo não engravidava!

@mecalves

13770cookie-checkSempre há uma primeira vez

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.