Relato Inverídico Da Tua Morte
Relato Inverídico Da Tua Morte
Geórgia Alves
Ivon Rabêlo é Poeta e escritor desde há tempos e tempos. Professor universitário, hoje dedicado também ao Ensino Médio em Pernambuco. Autor de *As Vísceras de Vinicius* , pela Mariposa Cartonera, é o tipo de escritor que não teme tocar em questões que escandalizam os moralismos flamejantes da velha e boa hipocrisia. Estes o odeiam com todas as forças. Do mais íntimo de seus seres condenam ao fogo do inferno a ideia do que Ivon é capaz de olhar e tocar. Estudar finamente… E aqui vai uma pergunta simples: Vai aqueles que reservaram para si o lugar mais divino e maravilhoso já condenam, de saída, à morte, à toda e qualquer forma de existir punição indo às vias de fato, com vereditos como esquartejamento. Punem por crimes que não cometeram os sequiosos por prazer, amor ou que ao arvorar atingir o “Tutatis” da Natureza humana. Quando nascem foram condenados por existir? Ouvi o adjetivo chamarem de “danadinha”, por ser leitora deste autor pernambucano. Olhem, vejam bem, pois até que a gente bem foi capaz de transformar esse adjetivo. Bem o fez Luiz Gonzaga com a música “Danado de bom”. O gif “danado de bom, seu Lula!”, e acredito que nem é preciso dizer mais nada a partir da agora porque me bem entenderam.
*Relato inverídico da tua morte,* com Prefácio de Micheliny Verunsky, editado pela Urutau, bem do contrário, é uma declaração de amor humano e sem perversões do Espírito ou desejos incendiários do corpo. O eu lírico está tão inestido de um amor profundo que até a Deusa com sua pena que pesa e pondera o valor das almas foi convocada. Chamada a compor as cenas que a voz narrativa deseja atravessar em sua busca desértica. Aos meus olhos, mesmo cansados de ver tanta fleuma e jogo de cena, a voz de Relato inverídico da tua morte soou da mais pura verdade de amor. Aos meus olhos o timbre da voz não engana. Porque mesmo cansados são capazes de captar tidas as nuances de sua vibração. Há um desejo de que este amor volte a olhá-lo. A enxergá-lo por inteiro. E tira-lo daquele inferno da solidão. Ivon nasceu em Sertânia. Mudou cedo para Recife e sempre volta à sua cidade. Sempre também viaja e vai buscar, por exemplo, em Londres ou Manchester e aposto que seria capaz de morar em Madagascar se lá este amor cuja morte é inveridicamente relatada fosse morar.
@georgia.alves1
Uma refinada e cortante observação crítica: assim é como leio esta resenha-ensaio incisiva de Geórgia. Talhada na escrita arguta e segura do jornalismo, seu texto só engrandece ainda mais os meus brios, como poeta! Grato (e quero mais!) pela sua leitura, cara amiga!