Lembranças
Lembranças
Eugênia Câmara
Existem lembranças da infância que nos marcam para sempre. Eu, pelo menos, tenho algumas e uma dessas é de quando estava no jardim de infância Pica Pau Amarelo, que existe até hoje no alto da bronze, no centro histórico de Porto Alegre.
Lembro nitidamente das cadeirinhas infantis de madeira pintadinhas de amarelo. Porém, no fundo da salinha na qual era da minha turma, havia uma dessas que tinha uma pintura no encosto. Fui até lá, a peguei e me sentei bem feliz da vida porque ela era diferente das outras.
Para minha tristeza, a felicidade durou pouco, igual ao ditado popular “alegria de pobre dura pouco”. Não lembro bem o motivo que me fez levantar, mas imediatamente algum coleguinha correu para sentar nela porque era diferente. Mas foi o que bastou para eu brigar com o amiguinho. E briguei feio com ele.
Então, a professora conversou comigo que eu não podia ser egoísta, que tinha que dividir com os demais alunos e etc. Não me convenceu. Insistia dizendo que eu havia achado, e se eu achei, por lógica, era minha e portanto, somente eu podia nela sentar.
Briguei tanto, mas tanto, que chamaram o meu pai e deram sumiço na tal cadeirinha que foi motivo da discórdia.
Mesmo tendo passado mais de 50 anos, continuo com o mesmo pensamento da época. Se eu achei é minha. Não tem que haver discussão, até porque se estava ali parado, não é de ninguém.
Hoje, sei que não é bem assim que a vida funciona, apesar da minha lógica não estar tão errada assim. E atire uma cadeirinha quem não estiver de acordo.
@mecalves
Excelente essa tua crônica, Maria Eugênia. Adoro o teu estilo simples e coloquial. O ritmo da tua escrita é leve e gostoso de se ler. Bjos.
Gostoso de ler seus contos, como sempre.
Obrigada!