Fidelio

Fidelio

Geórgia Alves 

O universo tem seus mistérios. É certo. Mas o que nos faz, de uma hora para outra, virar nesta ou naquela direção, como um vento inusitado muda o sentido de uma biruta, é o que, nesta vida, nunca irei compreender. Por mais que faça perguntas e tenha este tanto de leitura. Aliás, já me fiz esta pergunta, por que toda sabedoria acumulada quando mais se precisa, nos falta?

O que fez minha seta apontar pro Cinema, nesta semana de tanta Literatura boa lida e consumida? Como foi acontecer de a vida ir, “jogando o meu corpo no mundo”, me fazer descobrir que há mais mistérios sobre os afetos que desconheço, do que sobre o universo? Talvez seja o que a evolução científica venha nos fazendo ver, que a lei natural dos encontros tem regras tão próprias que não tem universo que dê conta. O que a gente bem sabe é que se o universo tem seus mistérios, o que chamam de encontro tem bem mais. Esta semana, de uma hora para outra, a batuta da ordem naturais das coisas se inverteu como toda. E talvez possa afirmar, por mera intuição, que foi depois de ler uma crônica de Machado de Assis. Ou um texto crítico da obra de Machado assinado por Alfredo Bosi. O fato é que quem lê autoras como Machado de Assis ou Clarice Lispector nunca está, de todo, invulnerável à mudança dos ventos. O que se aprende com a Literatura de ambos é tão vasto que o mundo fica assim, para dizer de um jeito que nem.um dos dois diria, sem fronteiras. Maria é uma mulher já, estreou esta semana um filme que dialoga delicadamente sobre o se tornar adulto. Fidélio, é o titulo do filme, de 2023. Está desde esta sexta-feira (19 de Julho) disponível na plataforma mais democrática do streaming. Exibido de modo franqueado, aberto ao público. No canal do YouTube da Cinematologia está disponível o curta-metragem “Fidélio”. Nele, atuam nos papéis de Wagner e Isis, respectivamente, Paulo César Freire (@pauloc.freire) e Maria Barreira (@matriosk).

Ficha Técnica Completa

Filme: Fidelio

Diretor: Wagner Dantas

Ano: 2023

Tempo: 23min

 

Elenco: @pauloc.freire // @matriosk

Produção: Wagner Dantas e @chi.aghori

Produção Executiva: Wagner Dantas

Roteiro: Wagner Dantas

Direção de fotografia: @chi.aghori

Montagem e Edição: @chi.aghori

Som direto: @xmaxadox

Figurino: Wagner Dantas

Conheci Maria menina. Mas meninas crescem. Maria, porque conheci menina, não poderia fugir à regra e desafiar as leis naturais do universo. Maria cresceu e é uma atriz em um filme de alguma fina complexidade retórica. Estética também. Meninos, assim como meninas, se tornam, talvez não tão rapidamente, permitam arriscar dizer, como as meninas, mas também adultecem. Se tornam homens e vazios existenciais perpassam os diálogos entre Fidélio e a personagem de Maria, neste filme. Sem dar spoiler, prestem muita atenção na frase sussurrada no ouvido de Fidélio. O jogo cênico entre os atores tem a desglamourização que já esteve estendida numa faixa pelos cineastas num dos principais festivais do circuito Pernambucano. Resultou do crescimento e da coragem de atuação da Maria que conheci uma reflexão tão raiz quanto as perguntas feitas no filme. Olha só, é eu que nem percebi que a nova geração também pensa e quer o amor. Não é só coisa de cinema. A honestidade com que este afeto é tratado no filme deixou para mim muito claro, em luzes reluzentes, que a geração de Maria e Paulo se pergunta sobre este sentimento tão complexo e que tudo faz crer que teria ficado mais confuso com a chegada da pós-modernidade. Com naturalidade desfiz meu espanto. E renovei minha própria esperança de insistentemente acreditar que todo dia o amor nasce que que em algum lugar ainda existe amor até para mim. Não me arrependo de ter deixado de ir ao cinema perto de casa e ter assistido filmes compartilhados pelos aplicativos de conversa, ao invés disso. Vi histórias construídas, produzidas, narradas, em Audiovisual, que merecem todo meu respeito e reconhecimento de que essa geração não nos deve nada. Aliás, fica aqui mais uma indicação de filme e sugestão de um nome que espero ouvir mais e falar mais a respeito, Philipe César Oliveira. Vejam como a mágica da Arte Cinematográfica está toda presente neste curtíssimo filme que fez, disse ele, por puro acaso, depois de captar algumas imagens das janelas dos prédios antigos do Recife. Philipe afirma que, por uma enorme coincidência, enquanto captavaas imagens, uma senhora, antiga moradora da cidade que já teve um centro glamouroso, falava a outra pessoa desse período. Citanto antigas e belas construções erguidas no centro. Na ilha de edição – e nem deve ser mais este o nome que se dá ao lugar e momento em.que a montagem acontece, foi que Philipe se deu conta do material precioso que tinha em seu dispositivo móvel. Tudo que tinha a fazer era encaixar as imagens e com a contenção de um sensato não estragar o que o acaso já tinha oferecido.

 

@philiphttps://www.instagram.com/reel/C4mQt_4OpOS/?igsh=ejcwNGJ2b3N3cmZ6

@georgia.alves1

33680cookie-checkFidelio

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.