Isso é nome?
Isso é nome?
Eugênia Câmara
Casados há algum tempo, felizes e sem nenhum tipo de briga, – até porque sempre respeitaram as diferenças – resolveram que havia chegado a hora de aumentar a família. Nas primeiras tentativas o resultado já deu positivo. Felicidade suprema. Sorrisos estampados no rosto dos viventes.
Nesse dia, fizeram um acordo de não saberem o sexo do nenê antes do nascimento e também deixariam o nome para escolherem depois de verem o rostinho do rebento.
Começam a arrumar a casa para a chegada do bebê. Nesse momento começaram as brigas. O pai queria um quarto todo azul por ser gremista fanático, enquanto a mãe queria vermelho em homenagem as cores do coração. Depois de muita discórdia, resolveram deixar as cores de seus times restrito as portas do roupeiro onde já guardavam as fraldas descartáveis, roupinhas e sapatinhos.
Numa coisa concordaram. Nada de azul para menino e rosa para menina. Independente do sexo, do bebê usaria todas as cores. Se bobear até as cores do LGBTQ +.
Os meses passaram e no dia e hora de começar o jogo final entre Grêmio e Inter, num campeonato qualquer, estoura a bolsa. E agora? Será que o bebê aguentaria dentro da barriga por mais duas horas? Pelas contrações, não demoraria a nascer.
Seguem para a maternidade. A mãe fica sem ver o jogo por motivos óbvios, mas o pai consegue na TV do hospital, enquanto aguarda o nascimento do filho. No último minuto da partida, enquanto um dos times faz o gol vencedor do campeonato, a mulher grita e nasce o filho. Emoção em dose dupla.
Com o filho no colo, resolvem, em comum acordo, escolher o nome. A mulher queria que se chamasse EVER, o que foi rechaçado com veemência pelo marido. Escolheu, então, o nome de NEVER, claro que para provocar, uma vez que não admitiria que o time oposto fosse campeão.
E assim foram discutindo e os anos passando. Qual o nome da criança? Ninguém sabe, até porque cada ano a taça de campeão troca de mãos.
@mecalves