Clarice Lispector

Clarice Lispector

Victor Fernando

Esse texto seria chamado de “Breve texto”, ou algo parecido com isso, pois escrevi um simples título para poder me organizar, e nele eu abordaria outro tema que não esse que abordarei. Mudei. É visível que o mudei e o motivo foi o seguinte, pois quero ser direto: o motivo foi uma ansiedade que me agarrou. Esse motivo me fez refletir sobre outro assunto. Procurei uma distração, um livro, uma música, alguma coisa que pudesse me acalmar: não estava me concentrando nos livros e as músicas pouco ajudaram, não ajudando em nada. Fui olhar os livros que tenho, pois ficar próximo de livro me acalma. Olhando-os, me deparo com um: As crônicas de Clarice Lispector. Clarice me veio à cabeça e comecei a pensar nela. Lembrei então de um de seus textos. Não recordo o nome, mas nele Clarice narra uma tarde em que, exausta de escrever e não tendo a inspiração, decidiu pegar um táxi, ela adorava andar de táxi, e foi ao parque. Ela conta com tanta riqueza e pulsão tudo o que via e sentia, que é impossível não sentir a alma lavada.

Refleti sobre o que recordava aos poucos da crônica. Lembrei de Clarice e de outros de seus textos. Fiquei maravilhado ao me recordar de sua pessoa, das suas ideias, de seus desejos, de seus gostos, enfim, daquilo que a torna um ser humano. Ela conta que um dia recebeu uma crítica falando que seus livros não são “água com açúcar”. Não. Não são só seus livros que são completos, mas toda a pessoa de Clarice: ela é complexa, misteriosa, traz a vida na ponta da vida. Ela é cheia, não no sentido da arrogância, mas sim no da riqueza de espírito. Não vale em rótulos. Ela vai além, vai adiante, vai como uma vanguarda. Sim! Essa palavra é que a define. Ela vai à frente, desagrilhoando as amarras as quais a vida foi presa: o hedonismo, o niilismo, o nada, a arrogância, o egoísmo, o individualismo.

Ela mostra que a razão da vida é um sapato. “A felicidade será um par de botas?” Sim. Ela aponta, com suas personagens, com sua voz narrativa e com suas crônicas que a felicidade está nas botas, na ida ao parque, na conversa com alguém que amamos, com nossos amigos, a felicidade está em um momento deleitoso sozinho, está no banho de mar antes do nascer do sol, no desenvolvimento pessoal, em uma leitura, enfim, nas simplicidades da vida. Nos tempos de espetáculos, esquecemos das maravilhas e acabamos caindo no vácuo, no nada, e nos perdemos no egoísmo, no consumismo e no individualismo. Clarice pega nosso braço e aplica em nós a cura.

 

 

@ich.binvic

10730cookie-checkClarice Lispector

4 comentários sobre “Clarice Lispector

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.