Antropoceno
” Antropoceno “
Raul Tartarotti
Imaginei que havia sido enganado pela natureza em decorrência da catastrófica enchente que assolou o estado do Rio Grande do Sul, pois, minha condição humana sempre andou num limite razoável de sobrevivência, e pensei que poderia seguir, da mesma forma que sempre encontrei meus dias felizes. Descobri através de um aviso terrível, de que no atual estado de coisas, o mundo está sendo catapultado para uma nova fase ecológica – menos propícia à manutenção da diversidade biológica e de uma civilização humana estável.
Não creio que agora me surgirão forças para recomeçar depois das perdas financeiras e emocionais, estou velho, cansado de cair, desanimado para empreender mais esforço para subir a montanha e logo despencar até o próximo desafio, que talvez venha carregado de dor e dificuldade. Por todo ocorrido, acredito na teoria de que as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra, e no funcionamento de seus ecossistemas. O termo que discute essa relação é o “Antropoceno”, usado por alguns cientistas para descrever o período mais recente na história de nosso Planeta, mas que ainda não há data de início precisa e oficialmente apontada, porém, muitos consideram que iniciou no final do Século XVIII, data que coincide com o aprimoramento do Motor a vapor por James Watt em 1784. O Antropoceno apresenta a relação entre a época planetária que está surgindo e as sociedades humanas – e como estas podem afetar aquelas. Paul Crutzen, químico neerlandês, vencedor do Nobel de Química de 1995, foi um cientista que popularizou o conceito de “Antropoceno”. Seus estudos sobre substâncias poluentes permitiram entender as possíveis mudanças climáticas sofridas pela Terra. O que me leva entender que estamos nos consumindo aos poucos, através da ganância e da busca incessante de bens industrializados originados de processos poluentes. A enchente no Rio Grande do Sul, pode ter sido consequência desse andar desenfreado e descabido. Cabe agora aos sobreviventes da catástrofe a obrigação em decidir novos rumos para a sobrevivência coletiva. A próxima chuva pode quebrar sua janela ou destelhar sua casa.
@raultarr