Amanheci na companhia de Roland Barthes,Lourival Holanda e Patrícia Gonçalves Tenório.
Amanheci na companhia de Roland Barthes, Lourival Holanda e Patrícia Gonçalves Tenório.
Georgia Alves
Em sintonia, sonhava com _A_Câmara_Clara_ e uma certa narrativa que nos remetem à fidelidade de uma imagem. Quando ela é capaz de ir muito além do real, ideal e conceitual, de uma só vez. Enquanto Patrícia, que dedica suas releituras ao estimado e sempre surpreendente autor de frases-pérolas-filosóficas.
Como sinto em meus ossos a verdade Literária que está revelada neste ensaio desta escritora e amiga. Mais que epifanias, vivo a mesma sensação de que as palestras oferecidas invariavelmente com doçura e a ternura de uma conversa na varanda. Digo mais. Em domingos ensolarados, como este. Talvez que já sentou em alpendres saiba mais sobre esta densidade leve. Em _Rua_de _mão_única, Walter Benjamin, nos conta Patrícia, em sua sensibilidade desperta na aurora do dia, que este livro nos oferece chaves de transição entre a palavra dita e palavra escrita.
E que é preciso estar em companhias assim, serenada pelo tempo dos livros para não se viver sobre o severo manto das dores e mágoas. Dos rancores e ódios que comandaram mentes frágeis e ainda comandam. Basta esquecer uma chave em um Uber para saber que o ser humano, ainda que confiável, precisa de normativas como em uma rua de mão única. O livro, que sequer tenho em minha prateleira, ansiosamente aguardo para abraçar como o faz Patrícia. E estejam certas e certos de que nunca poupei ao abraço em Lourival Holanda, de quem também tenho a alegria de ser e ter sido aluna. Como ele mesmo o fora, dizem as melhores narrativas que chegaram no subsolo da pós, assim também o fora de Barthes. No Colégio de Paris. Onde jamais esqueceremos as palavras de Barthes, para além da Literatura, intituladas e reunidas no livro _Leçon_, relançado recentemente. Aliás , o próprio Lourival Holanda também revê o diálogo de uma vida em seu mais recente livro _Um_homem_livre_:_ Montaigne_, pela Editora Astrolábio, de Lisboa. _Rua_de_mão_única, devo mencionar, íntegra a Coleção Infância berlinense: 1900, com Edição e tradução de João Barrento. (Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. — Filô/Benjamin).
@georgia.alves1