Água abaixo!

Água abaixo!

Raul Tartarotti 

São nas crises que observamos o melhor e o pior de algumas criaturas, que circulam na mesma calçada onde travamos passos.

 

Impactos consequentes de desastres climáticos, ocorreram em todo mundo, como foi quando passou o furacão Katrina no sul dos Estados Unidos, e milhares de indivíduos demonstraram suas habilidades no trato aos gestos humanitários, estendendo a mão em diversas situações para salvar vidas e diminuir a dor de quem nem sequer conseguia chorar suas perdas, devido ao trauma imposto água abaixo.

 

Além da triste constatação daquele desastre, o número de crimes aumentou, os saques e as mortes violentas vieram em grandes quantidades, um caos desesperado devido aos números gigantescos do fim do patrimônio de muitos, da ausência de dinheiro e emprego, do sumiço de familiares e amigos.

Bairros inteiros são destruídos na catástrofe das cidades, e toda infraestrutura se desmancha.

A crise humanitária causada pela enchente no Rio Grande do Sul, faz retornar um indivíduo que carrega consigo a dor, o choque e a sensação de viver sem rumo. É o chamado “abobado da enchente”, que vagueia com suas dúvidas e temores, tendo como tempero o desamparo social e financeiro, devido a imensa quantidade de perdas no leito de um rio que teima em sair de seu curso a passos largos.

O trauma emocional vem do desconhecimento em como agir a partir de agora, e a paralisação mental pelo choque em relação ao gigantismo de uma enchente. As pessoas que ficaram fora de suas casas, olhando do alto, sem esperanças, as águas subirem cada vez mais, passam por um estado de estupefação que se confunde com debilidade mental.

Os impactos de um desastre dessa magnitude, duram muito tempo e as pessoas sofrerão de ansiedade e depressão, além de outras doenças físicas.

Eventos extremos como esse no Rio Grande do Sul provocam um movimento chamado “os deslocados climáticos”, que são os indivíduos que abandonam cidades que antes davam lugar á seus lares como o bairro “passo de estrela”, localizado na cidade de Cruzeiro do Sul, que sumiu do mapa, pois, todas as casas foram arrancadas pelo transbordamento do Rio em 14 metros acima do nível normal.

As lembranças de uma vida feliz, trazem o sentido necessário para recomeçar em terras mais férteis e seguras, quem sabe assim a vida possa respirar quando vier o sol.

@raultarr

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