Não podemos fugir
Não podemos fugir
Eugênia Câmara
Ontem recebi a notícia do falecimento de um parente distante. Triste, muito triste.
Fiquei a pensar sobre a nossa finitude. Quantas pessoas conhecidas já morreram? Quantas dores elas deixaram? Quanto vazio impuseram àqueles que ficaram?
Conheço muito bem essa dor que corrói por dentro. E agora, o que será de nós, de mim, de ti, do universo? Como viveremos nossas vidas daqui para frente? Como veremos o mundo com a tua ausência? Quantas perguntas sem resposta. Por hora.
O universo tem uma maneira estranha de nos dizer que a vida segue, e não poderia ser de forma diferente, mesmo sem a presença daquele que se foi. Criamos novos hábitos,mudamos (para melhor ou pior, não importa), conhecemos novas pessoas, visitamos novos lugares, aprendemos a viver novamente, nos reinventamos. Mas para isso, precisamos de um amigo chamado “tempo”. Como dizem, o tempo é o senhor da razão.
Aprendi com a vida, ou com a morte o seguinte: primeiro vem a dor (da perda, do vazio, da ausência), depois a saudade (da risada, da implicância, da pessoa que se foi) e por fim, vem a lembrança (de tudo que vivemos juntos, na vida e na morte; sim aquele que morreu viveu conosco essas etapas porque estavam presentes na nossa alma) que é a marca do carimbo que deixaram na nossa pele. É um processo longo, espinhento e dolorido, mas precisamos passar por isso.
Um dia seremos nós a partirmos e aqueles que ficarem, também viverão todas essas etapas como forma de sobrevivência. Até porque, a morte é inevitável, para todos nós. É a única certeza que temos na vida, o resto é consequência.
@mecalves
Neste momento em que tantos lidam/lidaram/lidarão com a finitude é bem oportuno
Eugênia, seu texto fala da morte de uma forma tão singela e carinhosa que não assusta e até conforta.