“COMO MORREM OS AMORES”
“COMO MORREM OS AMORES”
Jaque Machado
As estrelas nascem de perturbações no tecido cósmico ao seu redor. Basta que Uma outra estrela passe à milhares de anos luz para carregar sua poeira cósmica de energia, transformando absolutamente tudo de forma arrebatadora. Ela nasce de temperaturas elevadas e passa a existir justamente em função delas, como fosse uma fome, mas ao mesmo tempo o próprio alimento, e em violentas e absolutamente incompreensíveis temperaturas ela se expande, por causa da pressão e da gravidade, torna-se tão intensa que é uma ameaça visceral para qualquer ser humano.
Não existe qualquer ser onde nasce uma estrela, não é possível que sobreviva a um espetáculo cósmico tão grandioso e destruidor, o nascer de uma estrela só é possível ser observado com segurança a milhões e milhões de anos luz.
Essa energia faz com que a matéria seja aglutinada e se contorça além do tempo e espaço, forjando uma luz que atravessa dimensões estelares para que nos permita que a vejamos, não foi feita para nossos olhos, mas permite que a vislumbremos. E não é certo ou dizível que quando a vemos ainda está lá, incandescente.
No auge de sua vida ela chega a temperaturas incompreensíveis para qualquer humano, que ferve e se queima na mísera medida de 100 graus celsius.
Depois, a estrela, essa entidade cósmica fantástica, se deita sobre o colchão do céu, de costas para outros astros e começa a esfriar. A sua morte anunciada é um declínio. Já nasce sabendo que terá um fim após a queima completa da matéria que a formou, mesmo que dure milhares e milhares de anos na sua espetacular grandiosidade.
Na nossa insignificância não sabemos calcular esse tempo ou se quer o entendemos, somos efêmeros demais e acreditamos que sejam eternas. Colocamos ao lado delas em nossas canções e versos de amor, nossas paixões, sem saber o risco incalculável de estar ao lado de um evento estelar dessa magnitude, estupidamente aniquilador.
Se deitam as estrelas no universo para morrer, e morrem na frialdade daquilo se esvai. Morrem inevitavelmente no seu último suspiro, quando deixam , gélidas, de iluminar tudo ao seu redor. No seu último piscar ainda tentam cintilar a maior e mais angustiante das notícias de quem se esvai: digam a todos que nada é eterno.”
@jaquemachadoescritora