QUARTO de DESPEJO
Quarto de Despejo
Samara Lima
Carolina Maria de Jesus; negra, catadora de papel, moradora de uma favela em SP, chamada Canindé. Relata em seus diários, a luta cotidiana de uma vida sofrida em que a fome deixa marcas profundas, além do tempo. O livro contextualiza o ambiente, os moradores, a precariedade sanitária, a fome e a política do país no final dos anos 50.
O Brasil dos anos dourados tinha como presidente, Juscelino Kubitschek. E como a própria narradora comenta, um nome que as pessoas sabiam falar, mas não sabiam escrever. Carolina Maria, sonha em sair da favela, leitora voraz, divide seu tempo entre a leitura, o trabalho de catadora e a educação de seus três filhos. Uma mulher negra, sozinha, que luta contra a fome, em um local abandonado pelas autoridades.
O livro de Carolina, me lembrou O cortiço, obra de Aluísio Azevedo que descreve o cotidiano dos moradores de um cortiço. E é isso que ela descreve, as agruras dos moradores da favela, dentro de um ambiente hostil, violento, famélico e pornográfico. Mas que acima de tudo, moradores que sobrevivem e existem dentro de um governo, a la Brasília.
Foi um jornalista, chamado Audálio Dantas, que em 1958, reuniu os diários de Carolina e o transformou em um relato da realidade da favela. Carolina, semi analfabeta, tinha o sonho de sair da favela, assim o fez, mas morreu no ostracismo, continuando pobre e com uma vida à margem da sociedade.
Anos depois, após a sua morte, ela foi reconhecida como uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Só que Carolina, queria o reconhecimento em vida, mas o preconceito racial, o machismo e a falta de oportunidades, destruíram o sonho de uma mulher, que por anos, viveu em um “Quarto de despejo”, assim ela definia, a favela em seu diário.
@samarinha.123