Avis rara!

Raul Tartarotti 

O filme Maestro com Bradley Cooper traz a história de Leonard Bernstein às telas mundiais, que foi o gênio da regência dos anos 1950 a 1990. É uma oportunidade de conhecer e entender por que Bernstein sempre foi o centro das atenções em qualquer reunião, e de como ele hipnotizava a todos, homens e mulheres, através de uma combinação de sedução e exortação para compartilhar sua paixão estética ou política.

 

Muitas vezes parecia que ele desejava levar todos para a cama – mas antes de dormir, eles se entusiasmava com uma dúzia de tópicos, desde seu amor pelo “jazz” até a dificuldade de encontrar Deus.

 

É possível reconhecer a intensidade de um ser, um hiperfoco e perfeccionismo – o que ressoa mais do que tudo é o calor abrangente que trouxe para cada espaço e para cada pessoa que conviveu a seu lado.

 

Essa foi a coisa mais Bernstein que ficou marcada em sua trajetória distinta como a de todos, porém, talentosa ao extremo, vivida intensamente com amor e desejo.

 

Alguns detalhes das páginas do livro de sua filha Jamie, “Famous father girl”, acabaram sendo inseridos no filme, incluindo uma cena em que Bernstein esmaga rumores de sua infidelidade e bissexualidade durante uma reunião com Jamie.

 

Na década de 1950, os Estados Unidos ainda eram marcados por valores extremamente conservadores, tradicionais e homofóbicos, por isso Leonard dificilmente seria aceito como era naquela sociedade — por isso o casamento com Felícia Montealegre foi intrigante: apesar de ter sido uma esposa traída, nesse caso por outro homem, ela o aceitava.

 

O casamento de Leonard e Felícia, com quem teve uma história de amor imponente e destemida, foi incomum sim — e ainda assim continha os elementos de todo casamento; as especificidades foram tornadas de alguma forma universais.

 

Nem todo casal briga no Dia de Ação de Graças enquanto um balão gigante do Snoopy passa pela janela – mas toda pessoa casada, e os filho dos pais, reconhece essa briga.

 

O filme mostra uma carta de amor à vida e à arte, por isso Maestro é essencialmente, um retrato grandioso e emocionante de família e dedicação aos mais próximos. Devido ao seu estilo despojado foi uma Avis rara na cena cultural do século passado.

@rautarr

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