Fusão total de almas!

Raul Tartarotti 

Algumas lições deixadas por Aristóteles nos fizeram compreender o campo das amizades com detalhes muito relevantes, que proporcionaram um melhor entendimento dessa aproximação quase familiar construída com prazer.

A primeira lição vem da própria definição da relação íntima entre amigos: boa vontade recíproca e reconhecida por ambos.

É diferente do amor paterno e materno, e da irmandade, a amizade só existe se for compreendida durante sua existência e dedicação, pelas partes envolvidas, desde que haja uma pré condição boa em suas almas.

Como definiu Demócrito se referindo a Homero que havia recebido uma natureza divina, e que por isso conseguiu construir uma estrutura ordenada de versos variados, mas que somente seria possível fazê-lo possuindo uma alma distinta que permitisse realizar textos tão sábios e belos.

Aristóteles distinguiu três diferentes relações que surgem a partir do que é valorizado no amigo: aquela baseada na utilidade, outra no prazer da companhia e a última no caráter.

Embora a amizade baseada na índole seja a maneira mais elevada, só se consegue ter poucos amigos íntimos com esse conteúdo.

Demora muito para conhecer o caráter de alguém — sendo necessário passar um tempo juntos, para manter esse tipo de aproximação.

Como o tempo é um recurso limitado, a maioria das amizades se baseiam no prazer ou na utilidade.

Mas é claro que o amigo não é esquecido em nenhuma época, como o faziam os moradores de São Petersburgo com seus livros na primavera.

Naquela estação não se falava de literatura, pois, era a época clássica do amor, por isso os livros eram enfiados numa trouxa e reabertos somente em setembro.

Finalmente, Aristóteles afirmou que a amizade é um estado ou disposição que deve ser mantido por meio da atividade: assim como a forma física é mantida pelo exercício regular, a amizade existe fazendo coisas, juntos.

Nunca foi necessário que houvesse um potencial neural intenso nos indivíduos que se cruzam em suas existências, e passam a criar vínculos afetivos duradouros.

Michel de Montaigne descreveu com propriedade que “a amizade tem por característica a fusão total de almas, que se confundem a ponto de se tornarem uma só”.

Ou você prefere ser suficiente e ótimo do jeito que é?

@raultarr

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