Passarelas da Vida

Passarelas da vida

Fernanda Cunha Quadros

Dez anos de puro charme. Lá estava eu desfilando meu esqueletinho mais uma vez. Já era de praxe entrar nos concursos das reuniões da AVON, onde eu participava ativamente com minha mãe.

Desfilava, dançava, fazia de tudo um pouco. Houve um evento em que fui chamada para dançar lambada. Tinha certeza, seria um sucesso, afinal escutava Beto Barbosa todos os dias em casa. E foi no adocica meu amor que, sem modéstia, destaquei-me.

Resolvi então participar na quarta série do concurso para Miss Santos Dumont. Todos sabiam que esses concursos vencia quem vendesse mais quadradinhos – a dez centavos na época. De qualquer forma, o empenho era grande para ganhar destaque e se tornar popular entre os colegas. A escola organizava um mega evento, tudo regado a muita pipoca, algodão doce, bancas com todo tipo de porcaria e música alta para agitar a galera.

Lembro-me como se fosse hoje do momento em que fui chamada para subir na passarela montada no centro do pátio. Minhas pernas saracuras tremiam igual vara verde. Aquele momento em você pensa por que se meteu nisso. Gente gritando, assoviando, uma loucura total. Subi com toda classe e encarei a multidão eletrizante que se debruçava sobre a passarela para assistir. Com certeza faria sucesso, com aquela roupa amarela, colada no corpo, barriga de fora, tinha tudo para certo.

Foram alguns dos minutos mais longos da minha vida. Assumia esses compromissos por incentivo da família e das amigas porém, depois, ficava me perguntando por que havia me comprometido.

Desci com a sensação de dever cumprido, agora era só aguardar o tão esperado resultado.

Não fui a participante que mais vendeu. Também não foi a última vez que assumi tais compromissos, e até dublagem da Shakira rolou no ensino médio. Posso dizer que, além do sucesso, fiquei com ótimas recordações no rolo da câmera.

Todas essas experiências vividas na fase escolar me trouxeram muitas risadas e ótimas lições para a vida. Nem sempre ganhando. Nem sempre perdendo. Mas, aprendendo a jogar.

@fernandaquadros_escritora

 

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