Os nãos das mulheres na História da Humanidade 

Os nãos das mulheres na História da Humanidade 

Geórgia Alves 

O que vem a ser um Não, bem dado? E como pode uma negativa entrar para a História. “Prefiro não”, diz Balterbly, o escriturário, obra de Melville.

 

Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin é essa mulher que irá gravar seu nome ainda jovem. Marcará toda tradição do ambiente de fábrica e ateliê de Vinhos e Champanhes. Inclusive por muitos nãos recebidos na vida. A Humanidade sempre tratou com desconfiança e demérito as mulheres. Com a viúva “Veuve Cliquot – a mulher que formou um a império” não seria diferente. A história da empresária do vinhedo Veuve Cliquot, Viúva Cliquot, é retratada no filme de Thomas Naper – ja nas telas grandes – onde uma artista alquimista ultrapassou dificuldades, grandes perdas, em pleno período dos bloqueios napoleônicos superando toda rejeição, inclusive tendo que responder a acusações que não representavam senão a invasão à vida privada. Tudo isso para além das leis da época, que proibiam que negócios, sobretudo vinhedos fossem comandadas por mulheres. Estes famosos bloqueios influenciaram, inclusive, a mudança de cor nos vestidos de noiva que passaram a ser brancos, enquanto símbolo de pureza, por mera conveniência das famílias da Aristocracia que não tinham mais acesso aos tecidos com as cores dos brasões de suas dinastias. O filme se passa em 1800 e não aborda esse aspecto, a não ser com a sutileza deste claro-escuro figurino, quase a La Coco Chanel. Aprendi isso porque tive a chance de conviver com uma socióloga e estilista, por estes acasos da vida vem a ser mimha mãe, que fez o caminho oposto na criação de vestidos de noiva de cores fortes como vermelho e azul marinho.

 

É comum ignorar o papel das mulheres e a contribuição delas nas mudanças ocorridas ao longo dos séculos. Milênios. Os gregos, no filme Ágora, os conselheiros da Pólis chegam a dizer ao Pai de Hipátia, astrônomo e, como a filha, guardião da Biblioteca de Alexandria,Theon: “Não esqueça da condição dela”. Ainda fosse brilhante, matemática, filósofa, estudiosa e pesquisadora capaz de antecipar reflexões, dados que levaram à descoberta e cálculos da gravidade, Hipátia, bem se sabe, foi cruelmente morta dentro de um dos templos por parabolanos que chegaram a rasgar sua pele e fatiá-la em tiras. Hipátia, virgem, casada com a Ciência, é brutalmente violentada, nunca a história julgou tais homens. Ela desafiou o poder de papas e prefeitos, tendo sido professora de alguns grandes nomes da História como Cirilo, de onde aliás surge o alfabeto cirílico, e Orestes que vinha a ser comandante político da cidade.

 

A personagem é vivida por Haley Bennett. Na pele da protagonista Barbie, Madame do Vinhedo que pertencera ao marido , precocemente morto pelos desafios que um empreendimento de tal envergadura sempre exigiu dos seres humanos. Domar as forças da Natureza, Haley Bennett precisa, por intermédio de sua personalidade, extrair as “notas” de uma safra, acertar em cheio nas técnicas e previsões de fatores externos que interferem no cultivo da plantação é como brincar de Deus. A essência reunida do trabalho da Arte e do amor, como define Espinosa. Para além de usar a própria voz, no caso de Haley, voz de cantora. A atriz alterna firmeza e suavidade na brilhante interpretação. Sua atuação me convence, no entanto, imagino que haja uma quebra de expectativa dada a intensidade ser mais comedida dramaticamente. Mais “à francesa” diríamos, que nos moldes “à La Cinematografia Italiana”. A de direção é de Thomas Napper, conta com roteiro de Erin Dignam, enquanto a produção é assinada por Christina Weiss Lurie, Haley Bennett e Joe Wright. O elenco traz ainda Tom Sturridge, Sam Riley e Natasha O’Keeffe.

O que a gente aprende com os dois filmes é que estas foram mulheres que souberam dizer um rotundo não ao desejo dos homens. E a tirar pela incidência de que nestes casos uma metade foi julgada e a julgada e a outra morta, sempre estaremos. A anos-luz de uma solução. Vale a pena conferir o filme é ainda.que esperasse mais do filme na entrega das belas tomadas e a apresentação de maior rempoo com imagens da região de vinicultura, sacia apetites de quem aijda tenha claras intenções de persistir na luta pela diminuição das desigualdades de tratamento dos gêneros na História. O fato é que não importam quantos nãos recebam, sempre descobriram em perseverança o caminho do sim.

@georgia.alves1

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